Morada e melhores condições sanitárias são os principais pedidos das pessoas em situação de sem abrigo – PSSA
- Auscultação inédita feita pela Comunidade Vida e Paz traça necessidades e pedidos das pessoas em situação de sem abrigo;
- Saúde é dos aspetos mais negligenciados por esta comunidade;
- Conclusões fazem parte de um documento que foi entregue a diferentes entidades;
A Comunidade Vida e Paz realizou uma auscultação inédita junto de pessoas em situação de sem abrigo e vulnerabilidade social. Acompanhando esta população há 35 anos, a CVP quis ouvir, na primeira pessoa, as suas queixas e pedidos, por forma a lhes dar eco e promover a mudança, no sentido de lhes dar mais dignidade. As conclusões fazem parte de uma carta aberta que já foi entregue às entidades competentes.
Não tendo sentido estarem a ser tomadas medidas públicas que permitam dar dignidade às pessoas em situação de sem abrigo, a Comunidade Vida e Paz decidiu, no âmbito da realização da 35ª Festa de Natal, aproveitar a oportunidade de auscultar os convidados – PSSA e perceber as suas opiniões e ambições mais prementes.
A auscultação incidiu em nove dimensões consideradas criticas: habitação, acompanhamento, residência/morada, segurança, higiene, alimentação, meios de transporte e saúde.
Entre as principais conclusões foi possível confirmar que a aspiração de uma casa é algo transversal em todos os depoimentos, no entanto um dos apelos desta população é a necessidade de ter uma morada. A possibilidade de ter uma morada mesmo que temporária e/ou de errante é algo muito relevante.
A falta de acesso a instalações sanitárias e condições precárias de higiene, são outro dos aspetos em evidência. As condições a que estão expostos podem levar a problemas de saúde e aumentar o estigma social.
Esta dimensão tem impactado na sua autoestima e com a perceção social, particularmente de um empregador. Um maior número de balneários espalhados pela cidade e um maior número de lavandarias sem custos, são apenas dois dos pontos mais valorizados.
“Estamos conscientes da impossibilidade de responder de forma abrangente ao principal pedido desta comunidade: uma casa, mas estamos convictos que é possível elaborar e executar planos de ação que vão ao encontro das necessidades básicas de dignidade e cidadania inscritas na Constituição”, afirmou Renata Alves, diretora-geral da Comunidade Vida e Paz.
As pessoas em situação de sem-abrigo frequentemente enfrentam problemas de saúde mental e física sem acesso adequado a cuidados médicos e suporte. Esta é uma dimensão pouco valorizada, onde há baixa expetativa e perceção de equidade. Uma maior valorização da saúde mental e emocional desta comunidade teria um impacto bastante relevante.
A Comunidade Vida e Paz entregou a carta a diferentes entidades, desde o Presidente da República, passando pelos Presidentes de Câmara, entre outras, onde expôs detalhadamente todas as dimensões, mostrando-se recetiva a fazer parte da ação que promova a elaboração de um plano que permita dar mais dignidade a esta população.
Veja o documento sistematizao clicando no link abaixo.
https://www.cvidaepaz.pt/wp-content/uploads/2024/02/Carta-Aberta-sistematizado.pdf